Entreterimento

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O ultimo adeus

Minha mão pequena bate no vidro do carro no braço se destacam as queimaduras de cigarro, a chuva forte ensopa a camisa e o short qualquer dia a pneumonia me faz tossir até a morte uma moeda, um passe me livra do inferno, me faz chegar em casa e não apanhar de fio de ferro o meu playground não tem balança, escorregador, sua mãe Vadia perguntando quanto você ganhou jogando na cara que tentou me abortar, que tomou umas 5 injeções pra me tirar quando eu era nenê tentou me vender uma pa de vez, quase fui criado por um casal inglês, olho roxo, escoriação, porra, que foi que eu fiz? em vez de tá brincando tá colecionando cicatriz, porque não pensou antes de abrir as pernas, filho não nasce pra sofrer não pede pra vir pra Terra. O seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim não espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer o seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim, não espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nasce, minha goma é suja, louça sem lavar, seringa usada, camisinha em todo lugar cabelo despenteado, bafo de aguardente é raro quando ela escova os dentes várias armas dos outros muquiadas no teto, na pia mosquitos, baratas, disputam os restos cenário ideal pra chocar a UNICEF, Habitat natural onde os assassinos crescem eu não queria Playstation nem bicicleta, só ouvir a palavra "filho" da boca dela ouvir o grito da janela "A comida tá pronta", não ser espancado pra ficar no farol a noite toda qualquer um ora pra Deus pra pedir que ele ajude, dê dinheiro, felicidade, saúde  eu oro pra pedir coragem e ódio em dobro pra amarrar minha mãe na cama por querosene e meter fogo, o seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim
nao espancar, torturar, machucar, me bater, eu nao pedi pra nascer o seu papel devia ser cuidar de mim, cuidar de mim, cuidar de mim não espancar, torturar, machucar, me bater, eu não pedi pra nascer outro dia a infância dominou meu coração, gastei o dinheiro que eu ganhei com um albúm do Timão queria ser criança normal que ninguém pune, que pula amarelinha, joga bolinha de gude cansei de só olhar o parquinho ali perto, senti inveja dos moleque fazendo castelo foda-se se eu vou morrer por isso, Obrigado meu Deus por um dia de Sorriso, a noite as costas arderam no coro da cinta, tacou minha cabeça no chão batia, Batia, me fez engolir figurinha por figurinha espetou meu corpo inteiro com uma faca de cozinha olhei pro teto vi as armas num pacote, subi na mesa catei logo a Glock mãe, devia te matar mas não sou igual você, invés de me sujar com seu sangue eu prefiro morrer....Bum!

                                                                                                                                        Ane G - Facção central


Um comentário:

  1. '' Não é preciso que a realidade exista para acreditarmos nela. Na verdade, se não existir tudo é mais luminoso. ''

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